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Mais um lindo poema de Khalil Gibran recitado na dulcíssima voz de Letícia Sabatella e na delicada composição de de Marcus Viana.
NA FLORESTANa floresta não existe nem rebanho, nem pastorQuando o inverno caminha, segue seu distinto curso como faz a primaveraOs homens nasceram escravos daquele que repudia a submissãoSe ele um dia se levanta, lhes indica o caminho, com ele caminharãoDá-me a flauta e canta!O canto é o pasto das mentesE o lamento da flauta perdura mais que rebanho e pastorNa floresta não existe ignorante ou sábioQuando os ramos se agitam, a ninguém reverenciamO saber humano é ilusório como a cerração dos camposque se esvai quando o sol se levanta no horizonteDá-me a flauta e canta!O canto é o melhor saber,e o lamento da flauta sobrevive ao cintilar das estrelasNa floresta só existe lembrança dos amorososOs que dominaram o mundo e oprimiram e conquistaram,seus nomes são como letras dos nomes dos criminososConquistador entre nós é aquele que sabe amarDá-me a flauta e canta!E esquece a injustiça do opressorPois o lírio é uma taça para o orvalho e não para o sangue.Na floresta não há crítico nem sensorSe as gazelas se perturbam quando avistam companheiro,a águia não diz: 'Que estranho'Sábio entre nós é aquele que julga estranho apenas o que é estranhoAh, dá-me a flauta e canta!O canto é a melhor loucura e o lamento da flautasobrevive aos ponderados e aos racionais.Na floresta não existem homens livres ou escravosTodas as glórias são vãs como borbulhas na águaQuando a amendoeira lança suas flores sobre o espinheiro,não diz: 'Ele é desprezível e eu sou um grande senhor'Dá-me a flauta e canta!Que o canto é glória autêntica e o lamento da flauta sobrevive ao nobre e ao vil.Na floresta não existe fortaleza ou fragilidadeQuando o leão ruge não dizem: 'Ele é temível'A vontade humana é apenas uma sombra que vagueia no espaçodo pensamento e o direito dos homens fenece como folhas de outonoDá-me a flauta e canta!O canto é a força do espírito e o lamento da flauta sobrevive ao apagamento dos sóis.Na floresta não há morte nem apurosA alegria não morre quando se vai a primaveraO pavor da morte é uma quimera que se insinua no coraçãoPois quem vive uma primavera é como se houvesse vivido séculosDá-me a flauta e canta!O canto é o segredo da vida eterna e o lamento da flauta permanecerá após findar-se a existência.
Khalil Gibran
Poema lindo...
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